domingo, 1 de março de 2009

AS BEM-AVENTURANÇAS- OS PACÍFICOS

Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!

OS ANJOS ANUNCIARAM A CHEGADA DE JESUS COM ESTE HINO DE LOUVOR:
Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade.
Então, de repente, apareceu junto ao anjo grande multidão da milícia celestial, louvando a Deus e dizendo:
"Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens de boa vontade".
Era próprio de Jesus saudar os apóstolos com a expressão “A PAZ ESTEJA CONVOSCO!” E Jesus é também chamado o Príncipe da PAZ. E usava sempre expressões como estas: A paz esteja convosco! Eu vos dou a minha paz.

João Paulo II dizia: ” A verdadeira paz é fruto da justiça, virtude moral e garantia legal que vela sobre o pleno respeito de direitos e deveres e a equitativa distribuição de benefícios e encargos. Mas, como a justiça humana é sempre frágil e imperfeita, porque exposta como tal às limitações e aos egoísmos pessoais e de grupo, ela deve ser exercida e de certa maneira completada com o perdão que cura as feridas e restabelece em profundidade as relações humanas transtornadas. Isto vale tanto para as tensões entre os indivíduos, como para as que se verificam em âmbito mais alargado e mesmo as internacionais.
O perdão não se opõe de modo algum à justiça, porque não consiste em diferir as legítimas exigências de reparação da ordem violada; mas visa sobretudo aquela plenitude de justiça que gera a tranquilidade da ordem, a qual é bem mais do que uma frágil e provisória cessação das hostilidades, porque consiste na cura em profundidade das feridas que sangram nos corações. Para tal cura, ambas, justiça e perdão, são essenciais.”
E mais: “. Neste grande esforço, os líderes religiosos têm uma sua responsabilidade específica. As confissões cristãs e as grandes religiões da humanidade devem colaborar entre si para eliminar as causas sociais e culturais do terrorismo, ensinando a grandeza e a dignidade da pessoa e incentivando uma maior consciência da unidade do gênero humano. Trata-se de um campo concreto do diálogo e da colaboração ecumênica e inter-religiosa, colocando as religiões ao serviço da paz entre os povos. “
. Orar pela paz significa rezar pela justiça, por um reto ordenamento no âmbito das Nações e nas relações entre elas. Quer dizer também rezar pela liberdade, especialmente pela liberdade religiosa, que é um direito humano e civil fundamental de cada indivíduo. Orar pela paz significa rezar para alcançar o perdão de Deus e, ao mesmo tempo, crescer na coragem de que necessita quem, por sua vez, quer perdoar as ofensas sofridas.
. Não há paz sem justiça, não há justiça sem perdão: eis o que quero anunciar nesta Mensagem a crentes e não crentes, aos homens e mulheres de boa vontade, que têm a peito o bem da família humana e o seu futuro.
Não há paz sem justiça, não há justiça sem perdão: é o que quero lembrar aos que detêm as sortes das comunidades humanas, para que nas suas graves e difíceis decisões, se deixem sempre guiar pela luz do verdadeiro bem do homem, na perspectiva do bem comum.
Não há paz sem justiça, não há justiça sem perdão: não me cansarei de repetir esta advertência a todos os que, por uma razão ou por outra, cultivam dentro de si ódio, desejo de vingança, propósitos de destruição.
Na realidade, a verdadeira paz é « obra da justiça » (Is 32, 17)
Como já foi dito, a paz é um produto da justiça. E para Santo Agostinho PAZ é a tranqüilidade na ordem.
Poderíamos afirmar que as principais características da PAZ podem ser encontradas nesta belíssima oração de São Francisco:

SENHOR ! fazei-me instrumento de vossa paz,
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.

Ó MESTRE, fazei que eu procure mais,
Consolar, que ser consolado,
Compreender, que ser compreendido;
Amar, que ser amado.

Pois é dando que se recebe,
É perdoando que se é perdoado
E é morrendo que se vive para a vida eterna.

O JORNALISTA evangélico norteamericano Philip Yancey, no seu excelente livro JESUS QUE EU NUNCA CONHECI, dedica um capítulo deste livro para fazer uma profunda reflexão sobre as Bem-Aventuranças. Com relação aos pacificadores ele descreve os desafios de Gandhi e do Pastor Mather Luther King Jr. Para cumprirem fielmente este propósito aprendido com a mensagem de Jesus. Como Jesus, eles também se tornaram modelares defensores da não violência a ponto se sofrerem o martírio da própria vida para serem fieis ao cumprimento desta mensagem de Jesus. É desse livro a reflexão a seguir”
“Cresci em Atlanta, do outro lado da cidade de Martin Luther King, Jr., e confesso com alguma vergonha que, enquanto ele liderava passeatas em lugares como Selma, Montgomery e Memphis, eu estava do lado dos policiais brancos com os seus cassetetes e cães pastores. Fui rápido em apontar suas falhas morais e lento em reconhecer meu próprio pecado de cegueira. Mas, porque ele permaneceu fiel, oferecendo o seu corpo como alvo, nunca como arma, ele atravessou meus calos morais.
O alvo em si, King costumava dizer, não era derrotar o homem branco, mas “despertar um sentimento de vergonha dentro do opressor e desafiar o seu falso senso de superioridade [...] O fim é a reconciliação; o fim é a redenção; o fim é a criação da comunidade bem-amada”. E foi o que Martin Luther King, Jr. finalmente conseguiu despertar, até mesmo em racistas como eu.
King, como Gandhi antes dele, morreu como mártir. Depois de sua morte, mais e mais pessoas começaram a adotar o princípio do protesto sem violência como meio de exigir justiça. Nas Filipinas, depois do martírio de Benigno Aquino, pessoas comuns derrubaram um governo reunindo-se nas ruas para orar; tanques armados foram interceptados por filipinos ajoelhados, como se fossem bloqueados por uma força invisível. Mais tarde, no notável ano de 1989, na Polônia, na Hungria, na Checoslováquia, na Alemanha Oriental, na Bulgária, na Iugoslávia, na Romênia, na Mongólia, na Albânia, na União Soviética, no Nepal e no Chile, mais de meio bilhão de pessoas descartaram-se do jugo da opressão por meios não-violentos. Em muitos desses lugares, especialmente nas nações da Europa Oriental, a igreja liderou o caminho. Os demonstradores marcharam pelas ruas carregando velas, cantando hinos e orando. Como nos dias de Josué, os muros desmoronaram.
Os pacificadores serão chamados filhos e filhas de Deus.”

John Stott nos oferece a seguinte reflexão sobre este mesmo tema
“Cada cristão, de acordo com esta bem-aventurança, tem de ser um pacificador, tanto na igreja como na sociedade. É verdade que Jesus diria mais tarde que não viera "trazer paz, mas espada", pois veio "causar divisão entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra", de modo que os inimigos do homem seriam "os da sua própria casa". E com isso ele queria dizer que o conflito seria o resultado inevitável da sua vinda, até mesmo dentro da família, e que, para sermos dignos dele, teríamos de amá-lo mais e colocá-lo em primeiro lugar, até mesmo acima de nossos entes mais próximos e mais queridos. Entretanto fica mais do que explícito, através dos ensinamentos de Jesus a seus apóstolos, que jamais deveríamos nós mesmos procurar o conflito ou ser responsáveis por ele. Pelo contrário, somos chamados para pacificar, devemos ativamente "buscar" a paz, "seguir a paz com todos" e, até onde depender de nós, "ter paz com todos os homens".
Mas a pacificação é uma obra divina, pois paz significa reconciliação, e Deus é o autor da paz e da reconciliação. Na verdade, exatamente o mesmo verbo que foi usado nesta bem-aventurança o apóstolo Paulo aplicou ao que Deus fez através de Cristo. Através de Cristo, Deus se agradou em "reconciliar consigo mesmo todas as cousas", "havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz". E o propósito de Cristo foi "que dos dois (sc. judeu e gentio) criasse em si mesmo novo homem, fazendo a paz". Portanto, quase não nos surpreende que a bênção particularmente associada aos pacificadores é que eles "serão chamados filhos de Deus", pois estão procurando fazer o que seu Pai fez, amando as pessoas com o amor dele, como Jesus logo tornaria explícito. O diabo é que é agitador; Deus ama a reconciliação e, através dos seus filhos, tal como fez antes através do seu Filho unigênito, está inclinado a fazer a paz.
Isto nos faz lembrar que as palavras "paz" e "apaziguamento" não são sinônimas; e a paz de Deus não é paz a qualquer preço. Ele fez a paz conosco a um preço imenso, o preço do sangue que era a vida do seu Filho unigênito. Nós também, embora em escala menor, vamos descobrir que fazer a paz é um empreendimento custoso(...). Muitos exemplos poderiam ser dados de paz através do sofrimento. “
Exemplos Bíblicos
Lucas 10 E, em qualquer casa onde entrardes, dizei primeiro: Paz seja nesta casa.
E, se ali houver algum filho de paz, repousará sobre ele a vossa paz; e, se não, voltará para vós.
Lucas 24 36 Enquanto ainda falavam nisso, o próprio Jesus se apresentou no meio deles, e disse-lhes: [Paz] seja convosco.
João 20 19 Chegada, pois, a tarde, naquele dia, o primeiro da semana, e estando os discípulos reunidos com as portas cerradas por medo dos judeus, chegou Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: [Paz] seja convosco.
15 [Paz] seja contigo. Os amigos te saúdam. Saúda os amigos nominalmente. ( É a saudação de São João )
Mas é no finalzinho do Capítulo 5 de Mateus que Jesus mostra para a multidão no monte o roteiro a ser seguido pelo pacificador cristão:
“Tendes ouvido o que foi dito: Olho por olho, dente por dente.
Eu, porém, vos digo: não resistais ao mau. Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra.
Se alguém te citar em justiça para tirar-te a túnica, cede-lhe também a capa.
Se alguém vem obrigar-te a andar mil passos com ele, anda dois mil.
Dá a quem te pede e não te desvies daquele que te quer pedir emprestado.
Tendes ouvido o que foi dito: Amarás o teu próximo e poderás odiar teu inimigo.
Eu, porém, vos digo: amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos [maltratam e] perseguem.
Deste modo sereis os filhos de vosso Pai do céu, pois ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos.
Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem assim os próprios publicanos?
Se saudais apenas vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem isto também os pagãos?
Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito
Continuaremos

2 comentários:

  1. Oi professor Augusto,

    parabéns pelo texto e pelo novo Blog!

    Sobre as Bem Aventuranças, gosto muito da seqüência lógica de Stott que observa que os que choram estão logo após os pobres e antes dos mansos.

    Para ele (Stott) "Cristo não se refere à tristeza do luto, mas à tristeza do arrependimento. Uma coisa é ser espiritualmente pobre e reconhecê-lo; outra é entristecer-se e chorar por causa disto. Ou, numa linguagem mais teológica, confissão é uma coisa, contrição é outra. (...) a mansidão denota uma atitude humilde e gentil para com os
    outros, determinada por [essa] estimativa correta de si mesmo."

    Abraços e aguardamos mais,

    Roger

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  2. Oi tio augusto, para que eu e minha mãe possamos postar nossos textos o senhor tem q nos convidar para sermos seus colaboradores no blog

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