sábado, 14 de março de 2009

AS BEM-AVENTURANÇAS- Fome e Sede de Justiça



01. Interpretação ( O que é?)  
Dicionário Aurélio: 
1.Conformidade com o direito; a virtude de dar a cada um aquilo que é seu.
2. A faculdade de julgar segundo o direito e melhor consciência.  
A justiça é a única virtude absolutamente boa. A justiça tem o símbolo da balança: equilíbrio, proporção; a cada parte o que lhe pertence: nem mais nem menos. A pessoa justa é aquela que sabe ver os dois lados de uma situação e busca dar a cada um o que lhe é de direito.
Santo Agostinho proclamava que a paz era um produto da justiça. Quando se pratica a justiça, promove-se a paz. Uma está visceralmente ligada à outra. No Livro da Sabedoria está dito que A PAZ É PROMOVIDA PELA JUSTIÇA.  

Justiça é a constante e perpétua vontade de dar a cada um o que lhe pertence”. Esta talvez seja a mais famosa definição de JUSTIÇA ensinada nos Cursos de Direito .

02. Análise( Por que e para que)  

Para os doutores da lei, para os escribas e fariseus, fazer justiça seria aplicar rigorosamente tudo aquilo que a Lei de Deus determina em seus mandamentos.
Para Jesus fazer justiça seria julgar com equilíbrio,  com compaixão, com misericórdia, tomando a lei apenas como referência. 
A lei deve ser vista como uma trilha flexível que se move em razão das circunstâncias, das condições humanas, dos acontecimentos e não um trilho rígido e incontornável que deverá ser seguido por todos nós, custe o que custar.


03. Exemplos Bíblico  
João 8
"1. Dirigiu-se Jesus para o monte das Oliveiras.
2. Ao romper da manhã, voltou ao templo e todo o povo veio a ele. Assentou-se e começou a ensinar.
3. Os escribas e os fariseus trouxeram-lhe uma mulher que fora apanhada em adultério.
4. Puseram-na no meio da multidão e disseram a Jesus: Mestre, agora mesmo esta mulher foi apanhada em adultério.
5. Moisés mandou-nos na lei que apedrejássemos tais mulheres. Que dizes tu a isso?
6. Perguntavam-lhe isso, a fim de pô-lo à prova e poderem acusá-lo. Jesus, porém, se inclinou para a frente e escrevia com o dedo na terra.
7. Como eles insistissem, ergueu-se e disse-lhes: Quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra.
8. Inclinando-se novamente, escrevia na terra.
9. A essas palavras, sentindo-se acusados pela sua própria consciência, eles se foram retirando um por um, até o último, a começar pelos mais idosos, de sorte que Jesus ficou sozinho, com a mulher diante dele.
10. Então ele se ergueu e vendo ali apenas a mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão os que te acusavam? Ninguém te condenou?
11. Respondeu ela: Ninguém, Senhor. Disse-lhe então Jesus: Nem eu te condeno. Vai e não tornes a pecar ".( João 8, 1-11) 
Lucas 7
Uma mulher pecadora da cidade, quando soube que estava à mesa em casa do fariseu, trouxe um vaso de alabastro cheio de perfume;
38. e, estando a seus pés, por detrás dele, começou a chorar. Pouco depois suas lágrimas banhavam os pés do Senhor e ela os enxugava com os cabelos, beijava-os e os ungia com o perfume.
39. Ao presenciar isto, o fariseu, que o tinha convidado, dizia consigo mesmo: Se este homem fosse profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que o toca, pois é pecadora.
40. Então Jesus lhe disse: Simão, tenho uma coisa a dizer-te. Fala, Mestre, disse ele.
41. Um credor tinha dois devedores: um lhe devia quinhentos denários e o outro, cinqüenta.
42. Não tendo eles com que pagar, perdoou a ambos a sua dívida. Qual deles o amará mais?
43. Simão respondeu: A meu ver, aquele a quem ele mais perdoou. Jesus replicou-lhe: Julgaste bem.
44. E voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês esta mulher? Entrei em tua casa e não me deste água para lavar os pés; mas esta, com as suas lágrimas, regou-me os pés e enxugou-os com os seus cabelos.
45. Não me deste o ósculo; mas esta, desde que entrou, não cessou de beijar-me os pés.
46. Não me ungiste a cabeça com óleo; mas esta, com perfume, ungiu-me os pés.
47. Por isso te digo: seus numerosos pecados lhe foram perdoados, porque ela tem demonstrado muito amor. Mas ao que pouco se perdoa, pouco ama.
48. E disse a ela: Perdoados te são os pecados.
49. Os que estavam com ele à mesa começaram a dizer, então: Quem é este homem que até perdoa pecados?
50. Mas Jesus, dirigindo-se à mulher, disse-lhe: Tua fé te salvou; vai em paz. ) Lucass 7, 37 a 50)

Mateus 5, 37 a 48

38. Tendes ouvido o que foi dito: Olho por olho, dente por dente.
39. Eu, porém, vos digo: não resistais ao mau. Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra.
40. Se alguém te citar em justiça para tirar-te a túnica, cede-lhe também a capa.
41. Se alguém vem obrigar-te a andar mil passos com ele, anda dois mil.
42. Dá a quem te pede e não te desvies daquele que te quer pedir emprestado.
43. Tendes ouvido o que foi dito: Amarás o teu próximo e poderás odiar teu inimigo.
44. Eu, porém, vos digo: amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos [maltratam e] perseguem.
45. Deste modo sereis os filhos de vosso Pai do céu, pois ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos.
46. Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem assim os próprios publicanos?
47. Se saudais apenas vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem isto também os pagãos?
48. Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito.


“Se vossa justiça não for maior que a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos céus”. ( Mateus 5,20)

04. Situações de Vida( Exemplos e Testemunhos)  

Philip Yancey: " Jesus veio, ele nos disse, não para destruir a vida, mas para que a tivéssemos mais abundantemente, “vida... em abundância”. Paradoxalmente, obtemos essa vida abundante de maneiras que não imaginávamos. Nós a obtemos investindo nos outros, assumindo posição corajosa pela justiça, ministrando aos fracos e necessitados, buscando a Deus e não ao eu.
O filme Gandhi contém uma excelente cena na qual Gandhi tenta explicar sua filosofia ao missionário presbiteriano Charlie Andrews. Caminhando juntos em uma cidade sul-africana, os dois subitamente descobriram que seu caminho estava bloqueado por jovens rufiões. O reverendo Andrew olha para os gangsters ameaçadores e decide fugir. Gandhi o faz parar. “O Novo Testamento não ensina que, se um inimigo o ferir na face direita você deve lhe oferecer a esquerda?” Andrews murmura que acha que a frase foi utilizada metaforicamente. “Não tenho certeza”, Gandhi replica. “Acho que significa que devemos ter coragem — estarmos prontos a levar um golpe, diversos golpes, mostrar que não vamos revidar nem nos desviar. E, quando você age assim, o ódio dele diminui e o respeito aumenta. Penso que Cristo entendeu isso e tenho visto que funciona.”
bem-aventurados os misericordiosos. Aprendi a verdade dessa beatitude com Henri Nouwen, sacerdote que ensinava na Universidade de Harvard. No auge da carreira, Nouwen mudou-se de Harvard para uma comunidade chamada Daybreak, perto de Toronto, a fim de assumir as tarefas exigidas por sua amizade com um homem chamado Adam. Nouwen agora serve não aos intelectuais, mas a um jovem considerado por muitos uma pessoa inútil que deveria ter sido abortada.
Nouwen descreve seu amigo:

Adam é um homem de 25 anos de idade que não consegue falar, não consegue vestir-se, nem tirar a roupa, não pode andar sozinho, não pode comer sem ajuda. Ele não chora nem ri. Apenas às vezes faz contato com os olhos. As costas são deformadas. Os movimentos dos braços e das pernas são distorcidos. Ele sofre de severa epilepsia e, apesar de pesada medicação, raros dias se passam sem ataques do grande mal. Às vezes, quando fica subitamente rígido, emite um gemido imenso. Em algumas ocasiões já vi uma grande lágrima rolar por sua face.
Leva cerca de hora e meia para acordar Adam, dar-lhe medicação, carregá-lo até seu banho, lavá-lo, barbeá-lo, escovar seus dentes, levá-lo à cozinha, dar-lhe o café da manhã, colocá-lo em sua cadeira de rodas e levá-lo até o lugar em que passa a maior parte do dia com exercícios terapêuticos.
Em uma visita a Toronto, observei-o em sua rotina com Adam, e devo admitir que tive uma dúvida passageira quanto a ser aquele o melhor emprego da sua vida. Eu ouvira Henri Nouwen falar e lera muitos de seus livros. Ele tinha muita coisa a oferecer. Outra pessoa não poderia assumir a tarefa servil de cuidar de Adam? Quando cautelosamente mencionei o assunto com o próprio Nouwen, ele me informou que eu interpretara de todo erradamente o que estava acontecendo. “Não estou desistindo de nada”, ele insistiu. Sou eu, não Adam, quem recebe os principais benefícios de nossa amizade.”
Então Nouwen começou a enumerar para mim todos os benefícios que obtivera. As horas passadas com Adam, disse, deram-lhe uma paz interior tão satisfatória que fez com que a maioria de suas outras tarefas intelectuais parecessem enfadonhas e superficiais por contraste. No começo, quando se assentava com esse homem-criança desamparado, percebia como a busca do sucesso na academia e no ministério cristão era obsessiva e marcada pela rivalidade e pela competição. Adam lhe ensinara que “o que nos torna humanos não está em nossa mente mas em nosso coração, não a nossa capacidade de pensar, mas a nossa capacidade de amar”. Da natureza simples de Adam, ele vislumbrara o “vazio” necessário para que uma pessoa possa ser enchida por Deus — o tipo de vazio que os monges do deserto alcançam apenas depois de muita busca e disciplina.
Uma freira albanesa passou dezesseis anos num convento exclusivo, ensinando geografia para as filhas dos mais ricos bengalis e britânicos de Calcutá. Um dia, numa viagem de trem para o Himalaia, ela ouviu uma voz que a chamava para mudar de caminho e ministrar aos pobres mais pobres. Alguém poderia realmente duvidar que madre Teresa encontrou mais realização pessoal em sua ocupação final do que na primeira? Já vi esse princípio surgir nos santos e em pessoas comuns com tanta freqüência que agora entendo com facilidade por que os evangelhos repetem aquelas palavras de Jesus mais do quaisquer outras: “Pois aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, mas quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á”.
Não me atreveria a sentir piedade por qualquer uma das pessoas que acabei de mencionar, embora todas tivessem convivido com dificuldades. Apesar de todos os seus “sacrifícios”, elas me parecem mais cheias de vida, não menos. Os que têm fome e sede de justiça acham a satisfação ".  Yancey continua: "
"Nas bem-aventuranças, nessas palavras estranhas que à primeira vista parecem absurdas, Jesus oferece uma chave paradoxal para a vida abundante. O reino do céu, ele disse em outro lugar, é como um tesouro de tal valor que qualquer investidor astuto vai “em sua alegria” vender tudo o que tem a fim de comprá-lo. Representa valor muito mais real e permanente do que qualquer outra coisa que o mundo tenha a oferecer, pois esse tesouro pagará dividendos aqui na terra e também na vida futura. Jesus coloca ênfase não no que abandonamos, mas no que recebemos. Não seria de nosso próprio interesse buscar tal tesouro? Quando ouvi as bem-aventuranças pela primeira vez, pareceram-me ideais impossíveis apresentados por algum místico sonhador. Agora, entretanto, vejo-as como verdades proclamadas por um realista tão pragmático, em cada palavra, quanto o general Norman Schwarzkopf. Jesus sabia como a vida funciona no reino do céu e também no reino deste mundo. Em uma vida caracterizada pela pobreza, pelo luto, pela humildade, pela fome de justiça, pela misericórdia, pela pureza, pela pacificação e pela perseguição, o próprio Jesus encarnava as bem-aventuranças. Talvez ele até concebesse as bem-aventuranças como um sermão para si mesmo e para o restante de nós, pois ele teria muitas oportunidades de praticar essas duras verdades." E mais:
"Encontrei uma chave para compreender o sermão do monte, não nas obras dos grandes teólogos, mas num lugar mais improvável: as obras de dois romancistas russos do século XIX. Deles extraí minha própria opinião sobre o sermão do monte e seu mosaico de lei e graça, constituído de metade de Tolstoi e de metade de Dostoievski"(...) 
"Ideais absolutos e graça absoluta: depois de aprender a mensagem dual dos romancistas russos, voltei para Jesus e descobri que ela, essa mensagem, espalha os ensinamentos dele por todo o evangelho e especialmente no sermão do monte. Em sua resposta ao jovem e rico advogado, na parábola do bom samaritano, em seus comentários acerca do divórcio, do dinheiro ou de qualquer outro assunto moral, Jesus nunca rebaixou o ideal de Deus. “Sede vós, pois, perfeitos, como perfeito é o vosso Pai que esta nos céus”, ele disse. “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento.” Nem Tolstoi, nem Francisco de Assis, nem a madre Teresa, nem ninguém cumpriu completamente esses mandamentos. Mas esse mesmo Jesus ofereceu ternamente a graça absoluta. Jesus perdoou uma adúltera, um ladrão na cruz, um discípulo que negou que o conhecia. Ele preparou esse discípulo traidor, Pedro, para fundar a sua igreja e, para dar o próximo passo, voltou-se para um homem chamado Saulo, que se destacou perseguindo cristãos. A graça é absoluta, inflexível, abrangente. Ela se estende até mesmo às pessoas que pregaram Jesus na cruz: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem” foram algumas das últimas palavras de Jesus na terra".
PRECE DE UM JUIZ
AJUDA-ME SENHOR, a ser justo e firme, honesto e puro, comedido e magnânimo, sereno e humilde. Que eu seja implacável com o erro, mas compreensivo com os que erraram. Amigo da verdade e guia dos que a procuram. Aplicador da lei, mas antes de tudo, cumpridor da mesma. Não permita jamais que eu lave as minhas mãos como Pilatos diante do inocente, nem atire , como Herodes, sobre os ombros do oprimido, a túnica do opróbrio. Que eu não tema César e nem, por temor dEle, pergunte ao poviléu, se ele prefere "Barrabás ou Jesus "...Que o meu veredito não seja anátema candente e sim mensagem que regenera, a voz que conforta, a luz que clareia, a água que purifica, a semente que germina, a flor que nasce no estrume do coração humano.
Que a minha sentença possa levar consolo aos atribulados e alento ao perseguido. Que ela possa enxugar as lágrimas da viúva e o pranto dos órfãos.
E quando diante da cátedra em que assento desfilarem os andrajosos, os miseráveis, os párias sem fé e sem esperança nos homens, espezinhados, escorraçados, pisoteados e cujas bocas salivam sem ter pão e cujos rostos são lavados nas lágrimas da dor, da humilhação e do desprezo, AJUDA-ME SENHOR, a saciar a sua fome e sede de justiça.
AJUDA-ME SENHOR, Quando me atormentar a dúvida, ilumina o meu espírito; quando eu vacilar, alenta a minha alma; quando eu esmorecer, conforta-me; quando eu tropeças, ampare-me.

E QUANDO UM DIA, finalmente, eu sucumbir e já então como réu comparecer à Tua Augusta Presença para o último Juízo, olha SENHOR, compassivo para mim. Dita , SENHOR, a Tua Sentença. Julga-me como um Deus.
Eu julguei como homem.
( Obs. O autor desta belíssima e comovente oração, Dr. João Alfredo Medeiros Vieira foi Juiz de Direito da 9ª Circunscrição Judiciária de Santa Catarina, com sede em Joaçaba).

2 comentários:

  1. deus é bom creia nele e ele tudo fára
    os caminhos de deus são perfeitus e seguros os desejos du coração de deus trazem vidas e vitorias com ele eu luto pra vencer eu pranto pra colher caminho pela fé na certeza de chegar nos pranos do senhor
    amem!

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