terça-feira, 4 de agosto de 2009

Maria mãe de Jesus, Virgem Maria ou Santa Maria

SEGUNDA PARTE


3) Estado civil de Maria quando o anjo Gabriel lhe apareceu

Na primeira referência, que encontramos em Lucas 1:26/27, Maria está na Nazaré da Galileia quando o anjo Gabriel lhe aparece. Segundo algumas traduções estava casada com José e segundo outras traduções, estava noiva de José. Esta divergência é devido à dificuldade de tradução visto que estavam numa cultura muito diferente da actual.

Segundo o historiador Joaquim Jeremias, era habitual uma jovem ficar noiva aos doze ou doze anos e meio. Eram os pais que escolhiam o noivo, logo que a jovem se tornava sexualmente fértil e era frequente o pai querer um noivo da sua família e a mãe também um da sua família ou da sua tribo. Assim, como já dissemos, é bem possível que Maria fosse também descendente de David, mas por vazes havia casamentos com mulheres de outras tribos.

Transcrevemos o que afirma Joaquim Jeremias no seu livro “Jerusalém no tempo de Jesus”.

«O noivado que precedia o pedido de casamento e a execução do seu contrato, expressavam a aquisição (qinyan) da noiva pelo noivo, e, assim, a conclusão válida do casamento; a noiva passa a se chamar “esposa”, pode ficar viúva, é repudiada por um libelo de divórcio e castigada de morte em casos se adultério. É característico da situação legal da noiva que “a aquisição” da mulher e a do escravo sejam postas em paralelo. Adquire-se a mulher pelo dinheiro, contrato e relações sexuais; assim “adquire-se” também o escravo por dinheiro, contrato e tomada de posse...»

É esta a dificuldade em traduzir a situação de Maria na passagem que citamos em Lucas. Ela ainda não se tinha juntado a José e nem sabemos se tinha sido consultada pelos seus pais para esse casamento ou se alguma vez tinha visto a José. Mas, estar noiva nesse contexto cultural era quase o mesmo que estar casada. Possivelmente José já teria pago ao pai de Maria, a importância acordada entre ambos.

De acordo com o “Evangelho do Pseudo-Mateus”, Maria tinha 14 anos quando foi dada como esposa a José. Trata-se dum livro apócrifo, que não merece muita credibilidade, mas diz o que nesse contexto histórico e cultural era considerado a idade apropriada para o casamento.



4) O anjo Gabriel aparece a Maria



Lucas 1:26/40

Esta passagem é bem conhecida de todos nós, mas por vezes não sabemos as suas implicações no contexto histórico e cultural em que Maria viveu. A mulher israelita era fortemente discriminada pala Lei de Moisés. Não podia herdar as terras do seu marido em caso deste falecer, e no Templo de Jerusalém, não podia ir além do “Pátio das Mulheres”. Não sabemos qual a preparação teológica de Maria, mas ainda hoje, nalgumas Sinagogas judaicas, a preparação dada aos meninos é diferente da que está disponível às suas irmãs.

Segundo nos informa Joaquim Jeremias, as mulheres das principais famílias de Jerusalém, no tempo de Jesus, muito raramente saíam de casa de seus pais. Só depois de casadas é que tinham autorização para sair à rua e mesmo assim, vinham com a cara tapada e tentavam passar despercebidas. No entanto, a mulher dos meios rurais, por necessidade de ajudar os seus familiares nos trabalhos agrícolas, tinha muito mais liberdade para sair de casa.

A intenção deste estudo é investigar a verdadeira Maria das origens, pelo que temos de mencionar alguns aspectos da vida das mulheres nesse contexto histórico e cultural em que o domínio romano impusera a liberdade de religião, acabando com o monopólio do judaísmo. Mas ainda predominava a religião judaica e o Templo de Jerusalém continuava como o principal centro religioso, político e económico.

Maria era uma jovem como muitas outras em Israel, trabalhadora e obediente aos seus pais. Estava noiva ou casada (já falámos nisso), com um carpinteiro, que era profissão prestigiada, acima do nível médio do povo de Israel. Tudo indicava que seria um bom casamento.

Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo. (vr.28)

A primeira reacção de Maria, quando o anjo Gabriel lha pareceu, foi certamente de espanto e algum receio, que foi notado pelo anjo que lhe disse: ... Não temas, Maria! Encontraste graça junto de Deus. (vr.30)

Certamente que Maria já tinha ouvido, na Sinagoga da Nazaré, muitas descrições de aparecimentos de anjos, mas isso já não acontecia há muitos séculos, e mesmo antigamente, os anjos apareciam aos profetas, aos patriarcas, aos reis de Israel e muito raramente a uma mulher.

O pior deve ter sido o que vem nos versículos seguintes. Conceber um filho por meios sobrenaturais, que seria o próprio Filho de Deus.

Nós temos a reacção de meditar no assunto sob o ponto de vista da teologia, mas o pensamento inicial de Maria, foi certamente bem diferente, mais humano, pois ela viveu essa realidade.

Maria conhecia as Escrituras do seu tempo, o Velho Testamento. Certamente que deve ter pensado o que seria dela, se seu marido ou seus pais, quando a vissem grávida, não acreditassem no aparecimento do anjo Gabriel. Realmente, esta seria a hipótese mais provável. Qual seria a nossa reacção, se alguma jovem das nossas igrejas aparecesse grávida dizendo que um anjo lhe dissera que era Jesus que voltava por seu intermédio?!!

Temos de tentar compreender a verdadeira Maria, no seu contexto cultural veterotestamentário. Convido a ler o que dizia o Velho Testamento em Deuteronómio 22:22/29. Assim, atendendo ao estado civil de Maria, que era considerada como casada, a pena de morte seria o seu destino mais provável.





O povo católico, duma maneira geral, com a sua ênfase em exaltar os atributos de Maria, acaba por a imaginar quase como um ser angelical que já pouco ou nada tem a ver com a verdadeira Maria na dura realidade do mundo em que vivemos.

O povo protestante ou evangélico, de certa maneira sofre a influência do catolicismo caindo para o extremo oposto, acabando por discriminar Maria, que nunca é mencionada.

Assim, penso que todos nós, perdemos a bênção de conhecer a verdadeira Maria, que consagrou toda a sua vida ao Senhor, que pode servir de exemplo para todo o crente, em especial à mulher cristã, porque foi bem humana, que viveu no nosso mundo, que foi discriminada no mundo dos homens, que se alegrou e que sofreu, que foi incompreendida (será que ainda é?), que se sentiu perdida, que procurou o apoio que não lhe deram, que teve dúvidas e que por vezes fracassou, mas que se manteve sempre fiel ao Senhor, que foi precisamente aquilo para que se ofereceu em Lucas 1:38 ... Eu sou a serva (ou escrava) do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra...

Bem-vindo à minha página.

É natural que em primeiro lugar queira saber quem sou eu, pelo que apresento um breve resumo das informações que possam ter algum interesse para me conhecer. Não quero que esta página apareça como uma página um tanto “anónima”, só com o meu nome, que certamente nada diz à grande maioria dos amigos da Internet, pois embora abordando de assuntos religiosos, trata-se duma página particular que não se identifica com nenhuma igreja em particular.



Aspecto profissional:

Nome: Camilo Vicente António da Silva Coelho
Morada: Rua cidade do Fundão, nº 21 - 3º dt. (lote 59)
2430-525 Marinha Grande - PORTUGAL
Telefones: 351 244503546 ou 351 309967519

Telemóvel: 351 922031823

Internet: camilocoe@gmail.com
Profissão: Engenheiro Técnico de Construção Civil.
Trabalho por conta própria.



Camilo – Marinha Grande.

Agosto de 2005

Continua...

Um comentário:

  1. GOSTEI MUITO DESTA MATERIA, PARABENS POR VER AS COISAS DE ACORDO COM A REALIDADE DO TEMPO, E´POR COLOCAR DEUS COMO SOBERANO INDEPENDENTE DA ÉPOCA , POIS ELE NÃO SE LIMITA AO TEMPO,.SANDRA-MONTES CLAROS -MG

    ResponderExcluir