quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

HONRAR À MÃE

As vezes tenho a impressão que na prática, as igrejas de linha reformada e de cunho mais tradicional se prestam a um único papel: ser ANTI alguma coisa.

Anti-católica
Anti-mariana
Anti-ecumênica
Anti-socialista
Anti-alcoólica
...e por aí vai.

O pior é que se chega a conclusão é que no fim das contas se não houvesse algo a que ela pudesse se opor ela não teria identidade, igrejas que mantém esse tipo de posição não entenderam muito bem o real sentido da Reforma Protestante promovida por Lutero em 1517, por mais que alguns possam discordar, Lutero não queria uma igreja separada da igreja católica, e não estava fundando um movimento que seria contra tudo e contra todos o tempo todo, com o passar dos tempos algumas igrejas que surgiram desse movimento acabaram se apoiando demasiadamente no termo "protestante" e esqueceram da "reforma", ninguém reforma algo do qual não quer usufruir mais ou não quer cuidar, tudo que nos propomos a reformar em nosso dia a dia é para o nosso próprio bem estar, enfatizar demasiadamente o termo "protestante" e protestar contra tudo e contra todos o tempo todo, não é protestar, é "fazer birra", é demonstrar imaturidade ao não querer se adaptar com aquilo que é diferente de você ou pensa diferente de você, é querer ser sempre uma igreja "do contra". E o pior dos "antis" ao meu ver, é ser anti-mariana.

Não que eu seja a favor da idolatria, não sou a favor da idolatria à qualquer pessoa e objeto que seja, porém uma igreja que diz seguir os mandamentos do Filho se prestar quase que exclusivamente à denegrir a imagem da Mãe, é uma coisa que me intriga e ao mesmo tempo revolta.


Intriga-me a insistência de vários teólogos e pastores de linha reformada em afirmar a não-virgindade de Maria, como se isso fosse de extrema importância à fé cristã. Durante 1535 anos ninguém pôs em cheque a perenidade da virgindade de Maria, é à partir de Calvino e sua tradição protestante reformada que isso é colocado em cheque, nenhuma outra tradição protestante compactua com tal afirmação, ela só vai ganhar apoio depois do surgimento do movimento evangélico. Agora pergunto: QUAL A RELEVÂNCIA DE SE AFIRMAR JUSTAMENTE O OPOSTO? Ao meu ver é uma ofensa barata e picuinha, pois não haveria mal algum se Maria tivesse outros filhos com José, no entanto, a insistência em contrariar uma tradição de 1535 anos é puramente querer ser "do contra", de nada acrescenta de positivo uma afirmativa dessas, muito pelo contrário, pois ao meu ver só se destaca pelo aspecto negativo. Ao afirmar a perenidade da virgindade de Maria, se valoriza o impacto e a importância que a mesma deu ao que aconteceu com ela, como ela mesma se manifesta quando lhe é revelado que ela dará a luz ao Filho de Deus:



"Minha alma proclama a grandeza do Senhor,
meu espírito se alegra em Deus, meu salvador,
porque olhou para a humilhação de sua serva.
Doravante todas as gerações me felicitarão,
porque o Todo-poderoso realizou grandes obras em meu favor: seu nome é santo,
e sua misericórdia chega aos que o temem,
de geração em geração." - Lucas 1:46b-50



Se tal revelação já suscita em Maria tamanha admiração por ter sido a escolhida, todo o processo que ela passou até a concepção de Jesus, só me faz crer que aquele sentimento inicial se tornava cada dia mais crescente quando a promessa se tornava cada vez mais real, dia após dia.

Gostamos muito de ressaltar que quando a bíblia diz "Jesus habitou entre nós", a palavra "habitou" é o mesmo sentido da presença do Tabernáculo quando o povo de Israel andava pelo deserto, dizendo que Jesus "tabernaculou" entre nós. Mas essa presença como Tabernáculo não foi ocupando o mesmo espaço, exceto em Maria, antes de Jesus "tabernacular" entre nós, Ele "tabernaculou" Maria, na figura do Tabernáculo, seria algo como se o "Santo dos Santos" no Tabernáculo, agora fosse Maria, pois nela se encontrava não só a presença de Deus através do Espírito Santo, mas também o próprio Deus através de Seu Filho.

Necessita-se de um argumento muito mais sólido do que o argumento protestante da "Sola Scriptura" para tentar refutar o argumento da perenidade da virgindade de Maria, pois nesse caso, esse argumento torna-se totalmente obsoleto e irrelevante, pois Maria não é algumas linhas de um escrito, ela foi um ser humano, por isso me chamou a atenção o relato de uma análise que uma psicóloga protestante fez quando se propôs, junto com outros psicólogos protestantes analisar o impacto psicológico sofrido por Maria, devido o fato de ser escolhida para dar à luz ao Messias. Quando digo o "impacto psicológico sofrido", não imputo aí algo de negativo, mas algo de relevante, pois todo e qualquer acontecimento nos causa um impacto psicológico, que pode ser um impacto menor ou maior, positivo ou negativo. E imagino eu, que dada a importância que é ser escolhida para dar a luz ao Filho de Deus, é um grande impacto e portanto, chegaram à conclusão que tamanho impacto poderia sim, marcar uma mulher de tal modo que ela realmente poderia optar por nunca mais ter outro filho.



Mesmo antes de ouvir essa palestra, a minha opinião já era a favor da perenidade da virgindade de Maria, pois ao meu ver não há nada de positivo em teimar em afirmar o contrário, e a palestra só veio reforçar esse meu pensamento.

Fora esse aspecto, há o aspecto dúbio da exegese quando se fala em irmãos de Cristo (na tradução João Ferreira de Almeida), quando a palavra usada no grego abre precedentes para a possibilidade da mesma palavra grega ser usada para "primos".


E argumento exegético por argumento exegético, onde se encaixa então o fato de Jesus ter apresentado João à Maria e vice-versa? Com certeza ambos se conheciam e não havia necessidade de apresentações formais, principalmente numa situação tão dramática como aquela. A única coisa que podemos entender é que, ali Jesus estava entregando à João, sua mãe, para que ele cuidasse dela, e para que ela não se sentisse só, Jesus apresenta a ela o seu "apóstolo amado". Mas qual seria o próposito disso se Maria já tinha outros filhos e um esposo? Aliás onde estão os irmãos de Jesus quando o mesmo está sendo crucificado? Se caso existiram, que espécies de irmãos eram esses que não compareceram em solidariedade num momento de tanta dor? A Bíblia não diz, a única coisa que a Bíblia nos deixa entender nesse momento é que Maria e João estavam sozinhos à essa altura da vida, por isso que a atitude de Jesus foi necessária.



Em termos de ética, prefiro ficar com a posição que preserve a integridade de alguém tão importante para a fé cristã quanto foi Maria, do que me empenhar no trabalho de tentar denegrir à sua imagem. Aí você me pergunta:"Como que um esposo ter relações com sua esposa é denegrir a imagem de alguém?". Via de regra não é, mas se somos considerados templos do Espírito Santo e por isso devemos ter uma vida santa(separada), uma convicção muito mais forte(ao meu ver) ficaria no coração de Maria de querer fazer daquela experiência a única. E se José à apoiou no primeiro momento, não teria "porquê" depois ele não a apoiar. Pois aquilo que os unia era algo muito mais elevado que isso. Era o casamento e não apenas uma união carnal. Tão banalizada no mundo hoje, dentro e fora da igreja.

No meio evangélico, por exemplo, casais noivam do dia para noite e adiantam casamento porque não conseguiram manter a sua castidade enquanto casal, sem falar nos casais que casam exclusivamente porque querem manter relações sexuais, esse fenômeno pode ser verificado conferindo a idade média desses casais que variam entre 18 a 22 anos, e fazem isso para tentar encobrir o fato. E no meio evangélico ninguém diz nada à respeito e acha tudo normal.

Ao meu ver é uma grave violação à santidade e importância do casamento.

No entanto, esses mesmos evangélicos não poupam esforços pseudo-exegéticos argumentativos para afirmar a não-perenidade da virgindade de Maria. Fazendo isso, coloco em cheque sem nenhuma dúvida se realmente essas pessoas são seguidoras de Cristo, pois como alguém pode se dizer seguidora de Cristo e ao mesmo tempo se esforçar no papel de denegrir a imagem Daquela que foi escolhida por Deus para que o Seu Filho viesse ao mundo?




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Sexta-feira, 12 de Dezembro de 2008
Será preciso morrer

por Paulo Brabo

"Alcançar a individuação é conciliar consciente e inconsciente, e vivemos doentes os que vivemos adiando essa jornada e esse destino. Porém em geral preferirmos a doença, porque intuímos em nosso silêncio (intuímos corretamente) que para encontrar a individuação é preciso transgredir todos os limites do conforto, dos privilégios e das prerrogativas. Para curar-se da doença é preciso escolher a morte e o esvaziamento. É necessário mendigar o conforto no desmembramento e na tragédia.

Não temos como saber se sobreviveremos à contemplação da nossa imagem na semelhança do espelho; porém, se nossa narrativa deve avançar, será necessário nos despirmos das ilusões e nos vermos como realmente somos.

Ou seja, será preciso morrer."

Fonte: Bacia das Almas, título original: Alcançar a individuação

Postado por Roger às 12:17 7 comentários Links para esta postagem
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